O ex-presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, faleceu no último domingo, 13 de julho de 2025, na The London Clinic, uma das clínicas privadas mais exclusivas do Reino Unido. A informação foi confirmada por seu ex-porta-voz, Mallam Garba Shehu.
Segundo relatos do sobrinho de Buhari, Mamman Daura, o ex-presidente estava em boas condições no sábado e preparava-se para receber alta. No entanto, sofreu uma recaída no domingo por volta do meio-dia e veio a falecer por volta das 16h30.
Buhari estava internado na clínica desde abril, inicialmente para um check-up médico de rotina, mas seu quadro se agravou e exigiu cuidados intensivos. A causa da morte não foi oficialmente divulgada, embora se saiba que o ex-presidente sofria de problemas de saúde há vários anos.
Durante sua internação, Buhari ficou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da clínica. Vídeos divulgados nas redes sociais mostraram familiares e filhos do ex-presidente chegando ao hospital logo após a divulgação da notícia de sua morte.
A clínica The London Clinic, localizada na região de Harley Street, em Londres, é conhecida por atender pacientes de alto perfil, incluindo membros da realeza britânica. Fundada em 1932, a instituição possui 13 leitos de UTI, 10 salas de cirurgia, 5 centros de apoio ao câncer e cerca de 900 médicos e especialistas. Atende mais de 120 mil pacientes por ano, segundo informações do seu site oficial.
Consultas médicas na clínica custam entre £100 e £750, enquanto internações em quartos padrão variam de £1.000 a £1.800 por noite. Acomodação VIP pode ultrapassar £2.500 por noite. O custo diário na UTI gira em torno de £3.000 a £3.500. Um exame de tomografia (CT scan) custa aproximadamente £500, e cirurgias complexas variam entre £10.000 e £13.000.
De acordo com a legislação nigeriana, o governo é responsável pelos custos médicos de ex-presidentes, tanto em território nacional quanto no exterior, embora não tenha sido confirmado se as despesas de Buhari foram custeadas com recursos públicos.
Durante seus oito anos no poder (2015–2023), Buhari fez diversas viagens médicas ao Reino Unido, totalizando cerca de 225 dias fora do país por motivos de saúde. Seu governo também investiu mais de N21 bilhões na construção de uma ala VIP no hospital presidencial, cuja entrega estava prevista para 2023. Apesar disso, ele continuou a procurar tratamento no exterior.
Após sua morte, associações médicas da Nigéria, como a Associação de Médicos Residentes (NARD) e a Associação Médica Nigeriana (NMA), criticaram o contínuo uso de hospitais estrangeiros por líderes do país. Elas alegam que a falta de confiança no sistema de saúde local desvaloriza o trabalho dos profissionais nigerianos e desestimula investimentos na área.
O presidente da NARD, Dr. Tope Osundara, afirmou que é contraditório exigir que os cidadãos confiem no sistema nacional enquanto os próprios líderes recorrem ao exterior. “É como construir uma empresa e se recusar a usar o próprio produto que vende”, declarou.
A NMA reforçou que o país possui profissionais altamente capacitados, mas sofre com infraestrutura inadequada e baixos investimentos. Já o presidente da Associação de Consultores Médicos e Odontológicos, Prof. Muhammad Muhammad, defendeu que o governo deve não apenas investir nos hospitais públicos, mas também criar incentivos para que hospitais privados de alta complexidade possam florescer na Nigéria.
Até o momento, o governo federal da Nigéria não divulgou detalhes sobre o financiamento do tratamento de Buhari nem sobre o futuro da ala médica presidencial inaugurada durante sua gestão.