Apesar do aumento nos ataques e deslocamentos forçados, o novo comandante do Ramo do Exército moçambicano, André Rafael Mahunguane, garantiu que a situação em Cabo Delgado está “controlada”. Segundo ele, os terroristas estariam apenas fugindo devido à intensa perseguição das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
"Se estamos preparados? Sim, estamos preparados, com homens e meios à nossa altura", assegurou Mahunguane, sublinhando que os insurgentes estariam a procurar novas áreas e logística por estarem a sofrer pesadas perdas.
O comandante defendeu que o combate ao terrorismo não pode ser visto como um esforço isolado. "O terrorismo é internacional. Hoje estão aqui, amanhã noutro lugar", disse, apelando à união das forças da África Austral.
Desde o início do mandato de Daniel Chapo, em janeiro, houve uma remodelação nas chefias das forças de defesa e segurança, incluindo a nomeação de José Pacheco para o SISE e de Júlio dos Santos Jane para o Estado-Maior General das Forças Armadas. Essas mudanças visam reforçar a luta contra o crime e o terrorismo em Cabo Delgado.
No entanto, os dados contradizem o discurso otimista. Só entre 20 e 25 de julho, mais de 34 mil pessoas foram forçadas a abandonar suas casas após novos ataques em Chiúre, Ancuabe e Muidumbe. E o terror já se expandiu para a província vizinha de Niassa, onde extremistas decapitaram dois guardas florestais.
Segundo o Centro de Estudos Estratégicos de África, 349 pessoas já morreram este ano devido a ataques, um aumento de 36% em relação a 2024.
Enquanto o governo declara controle, os números revelam um país ainda à mercê do medo.