Luanda vive dias de luto e tensão. A capital angolana foi palco de violentos confrontos durante uma greve de taxistas contra o aumento do preço dos combustíveis, que já resultou em pelo menos 22 mortos, 197 feridos e mais de 1.200 detenções em apenas dois dias.
A informação foi confirmada pelo ministro do Interior, Manuel Homem, após a reunião do Conselho de Ministros realizada a 30 de julho. Entre os mortos, encontram-se civis e um oficial da Polícia Nacional, revelando a gravidade da repressão e o colapso da ordem pública.
A greve, convocada por associações e cooperativas de taxistas, visava protestar contra a subida abrupta dos preços dos combustíveis e o aumento das tarifas nos transportes públicos. O movimento paralisou grande parte da cidade e desencadeou ondas de vandalismo, repressão policial e tensão social.
A Frente Patriótica Unida (FPU), coligação liderada pela UNITA e o Bloco Democrático, lamentou profundamente a perda de vidas humanas e apelou à juventude angolana para que não se deixe manipular por discursos de ódio. A oposição exigiu do governo uma mudança de postura: “Chega de arrogância e repressão. O momento exige diálogo e concertação social”, declarou a coligação em comunicado.
Enquanto isso, a empresa estatal Transportes Colectivos Urbanos de Luanda (TCUL) anunciou o regresso parcial das operações. Após dois dias de paralisação total, uma frota de 70 autocarros voltou a circular sob escolta policial. Durante os tumultos, a TCUL deixou de transportar mais de 500 mil passageiros e sofreu prejuízos avaliados em 48 milhões de kwanzas, devido à vandalização de dez viaturas.
Apesar da tentativa de retomar a normalidade, o clima em Luanda permanece instável. O que começou como um protesto económico rapidamente se tornou num grito político contra a falta de escuta, a repressão e as desigualdades sociais cada vez mais visíveis em Angola.
O país, mais uma vez, confronta-se com a urgência de reformas profundas, não apenas no setor económico, mas também no modo como o Estado responde às reivindicações legítimas dos seus cidadãos.