Gisele Oliveira, cidadã brasileira de 40 anos, foi detida esta terça-feira pela Polícia Judiciária portuguesa na cidade de Coimbra, onde estava escondida há dois meses. A mulher é acusada de ter envenenado, ao longo de 15 anos, os seus cinco filhos com doses excessivas de sedativos administrados durante a noite.
As mortes das crianças, ocorridas em 2010 (duas), 2019 (duas) e 2023 (uma), foram inicialmente classificadas como naturais. No entanto, foi a própria mãe de Gisele, avó das vítimas, quem levantou suspeitas que resultaram na reabertura do processo. As investigações das autoridades brasileiras identificaram um padrão semelhante nas cinco mortes, com indícios claros de intoxicação medicamentosa.
Diante das evidências, o Ministério Público brasileiro denunciou Gisele em 2024, o que levou à emissão de um mandado de captura internacional pela Interpol. Gisele fugiu do país e estabeleceu-se em Portugal, onde vivia com o companheiro, um trabalhador da construção civil, sem exercer atividade profissional conhecida.
A mulher será agora apresentada ao Tribunal da Relação de Coimbra, que decidirá se ela aguardará o processo em prisão preventiva. Caso o Brasil formalize o pedido de extradição — com prazo de até 18 dias úteis após a decisão judicial — o caso passará para avaliação do Ministério da Justiça português.
Se Gisele tiver nacionalidade portuguesa, a extradição poderá ser recusada, o que obrigaria a que fosse julgada em Portugal com base nas provas recolhidas pelas autoridades brasileiras. Apesar de ambos os países manterem acordo de extradição, este não se aplica a cidadãos nacionais.
O caso, que envolve a morte de menores indefesos por envenenamento, é considerado de extrema gravidade e pode resultar numa pena acumulada de até 154 anos de prisão, caso seja confirmada a condenação no Brasil.
As autoridades portuguesas e brasileiras agora trabalham em cooperação para esclarecer todos os contornos do caso e garantir justiça às vítimas.