Venâncio Mondlane pode reforçar diálogo político em Moçambique


O debate em torno do diálogo político inclusivo em Moçambique ganhou novo fôlego com a possibilidade de integração de Venâncio Mondlane, líder do recém-criado partido ANAMOLA. Lançada em março pelo Presidente Daniel Chapo, a iniciativa foi apresentada como uma plataforma aberta a todas as forças políticas e sociais.

Em entrevista à DW, o porta-voz da FRELIMO, Pedro Guiliche, garantiu que o processo “não tem restrições” e que todas as entidades nacionais são bem-vindas a contribuir para o fortalecimento da democracia. Guiliche recordou que, desde o anúncio da iniciativa, o convite foi dirigido a todos os segmentos da sociedade moçambicana.

Na semana passada, quando o ANAMOLA foi formalmente aprovado, Venâncio Mondlane reiterou a sua disponibilidade para integrar o processo, lembrando que já manteve encontros com o Governo onde a questão foi considerada “viável e aceitável”.

Para o analista político Wilker Dias, a participação de Mondlane é praticamente inevitável. Ele recorda que o diálogo nacional foi impulsionado pela contestação do próprio político aos resultados eleitorais, e a sua exclusão poderia fragilizar o processo. “Se deixarmos de fora um dos principais atores que motivou estas reformas, corremos o risco de criar precedentes perigosos”, alerta.

Ainda assim, Wilker Dias sublinha que a efetiva inclusão de Mondlane dependerá da “vontade política”, uma vez que alguns partidos temem que o seu protagonismo cause desequilíbrios. “Por questões de transparência e da vontade popular, a presença de Mondlane pode acabar por beneficiar todos”, acrescenta.

Também o porta-voz do PODEMOS, Duclécio Chico, considera a adesão de Mondlane como “positiva”, apesar de lembrar que, no início, o próprio recusou-se a integrar o diálogo. Para Chico, o processo deve ser visto como uma oportunidade de “reforma da política nacional”.

MDM e RENAMO já haviam defendido a participação do líder do ANAMOLA, que, por sua vez, assegura ter propostas concretas para o país, sobretudo no campo da reforma eleitoral. O analista Wilker Dias reforça, porém, que tais ideias devem ser apresentadas de forma coletiva, envolvendo diferentes vozes da sociedade.

O Compromisso Político para um Diálogo Nacional Inclusivo foi assinado a 5 de março por Daniel Chapo e nove partidos políticos. À época, o ANAMOLA ainda não existia oficialmente, mas agora a sua integração surge como mais uma peça no xadrez da política moçambicana.

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