Académico vê libertação de aliados de Mondlane como “jogo cínico” da FRELIMO

 


A decisão do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo de libertar Glória Nobre e outros 12 apoiantes de Venâncio Mondlane continua a gerar fortes debates. Para o académico João Feijó, trata-se de uma “encenação da FRELIMO”, que teria como objetivo reconstruir a sua legitimidade política e recuperar a confiança de investidores nacionais e estrangeiros.


Em entrevista à Carta de Moçambique, o investigador do Observatório do Meio Rural (OMR) afirmou que, num país com instituições fortemente partidarizadas, é impossível libertar figuras da oposição sem um consentimento político. “Estamos perante um jogo cínico, cíclico, que se repete de cinco em cinco anos ou após tensões eleitorais, para reorganizar as bases antes das próximas eleições”, analisou.



Feijó alerta ainda para o facto de a decisão não equivaler, necessariamente, ao arquivamento do processo. Segundo ele, os processos podem ter sido apenas suspensos, para serem reativados em momentos politicamente oportunos, como em vésperas de eleições. “Não acredito que a FRELIMO aceite enfrentar Venâncio Mondlane sem antes tentar desorganizar a oposição”, acrescentou.


Por outro lado, Venâncio Mondlane comemorou a decisão judicial, destacando o profissionalismo da juíza. “Ela demonstrou capacidade técnica, foi escrava da sua consciência e um exemplo do poder judicial que queremos no futuro”, disse, frisando que milhares de cidadãos continuam presos de forma ilegal no país.


O caso ganhou maior peso político porque a juíza não só rejeitou a acusação do Ministério Público, como também pediu a abertura de processos-crime contra agentes da PRM por indícios de tortura e agressões a alguns arguidos.


A libertação de Glória Nobre e dos restantes 12 apoiantes acontece após seis meses de detenção, considerada pela defesa como ilegal e politicamente motivada.


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