Por ocasião do 61.º aniversário das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), o Presidente Daniel Chapo deixou claro que o combate ao terrorismo em Cabo Delgado continua a ser o maior desafio da instituição militar. Num discurso proferido na Matola, o Chefe de Estado elogiou progressos na segurança, mas advertiu que os grupos armados estão a reinventar-se com novas tácticas.
Entre os exemplos apontados, Chapo destacou o uso de engenhos explosivos improvisados, ataques a viaturas civis, pilhagem de mantimentos e raptos de pescadores, sinais de que a pressão militar obriga os insurgentes a adaptar-se, mas também expõe limitações da resposta governamental.
Com tom crítico, o Presidente defendeu que os “melhores quadros” não podem ficar confinados a gabinetes administrativos, mas devem ser destacados para o terreno. A mensagem foi interpretada como um apelo direto à redistribuição de recursos humanos e ao fortalecimento da linha de frente.
Outro ponto sublinhado foi a falta de coordenação entre diferentes ramos das forças de defesa e segurança, um problema histórico que, segundo Chapo, precisa de ser ultrapassado para enfrentar com eficácia as ameaças no Norte.
Durante a cerimónia, 696 cidadãos receberam a Medalha de Veterano da Luta de Libertação, numa homenagem que reforçou a ligação entre o passado da luta pela independência e os atuais desafios contra o terrorismo. O antigo Presidente Filipe Nyusi, também presente, destacou a bravura das tropas e condenou atos de vandalismo, incluindo a destruição de escolas em Gaza.
As comemorações deste 25 de Setembro revelaram um duplo cenário: o orgulho pela história das FADM e a urgência de um novo ciclo de reformas militares. Para muitos analistas, o sucesso ou fracasso das forças armadas no combate ao terrorismo será a medida pela qual o governo de Chapo será avaliado nos próximos anos.