No último domingo, faleceu vítima de doença o Tenente-General Innocent Kabandana, oficial sénior das Forças de Defesa do Ruanda (RDF), que comandou operações militares em Cabo Delgado, Moçambique. O general estava internado no Hospital Militar de Referência e Ensino do Ruanda, onde recebia tratamento antes da confirmação da sua morte.
Kabandana ganhou notoriedade internacional em 2021, quando liderou a ofensiva das forças ruandesas em Mocímboa da Praia e no Posto Administrativo de Mbau, operações que, em apenas três meses, devolveram o controlo dessas zonas às autoridades moçambicanas após anos sob domínio de insurgentes.
Promovido a Tenente-General em setembro de 2022, após a missão em Moçambique, Kabandana acumulou diversos cargos de relevo ao longo da sua carreira, incluindo Adido de Defesa na embaixada do Ruanda em Washington, vice-comandante da missão da ONU no Sudão do Sul (UNMISS), diretor da Academia Militar de Gako, comandante da Academia de Paz de Ruanda e líder das Forças Especiais ruandesas.
Apesar do prestígio militar, o general foi também alvo de fortes acusações. Órgãos de imprensa internacionais e regionais o apontaram como responsável por perseguições e execuções de opositores ao regime de Paul Kagame, tanto nos Estados Unidos como em países vizinhos como a República Democrática do Congo e o Burundi. Há ainda registos que o ligam a ataques contra refugiados da etnia hutu e ao assassinato de líderes religiosos na década de 1990, conforme reportado por jornais ruandeses como o Great Lakes Post e o Jambo News.
A morte de Kabandana encerra o percurso de uma das figuras mais influentes e controversas das forças armadas ruandesas, cuja presença em Cabo Delgado marcou uma viragem no combate ao terrorismo naquela província moçambicana.