O Presidente da República, Daniel Chapo, nomeou José Condugua António Pacheco para o cargo de Diretor-Geral do Serviço de Informações e Segurança do Estado, mais conhecido como SISE. A nomeação, tornada pública esta semana, marca o regresso de uma figura veterana da política moçambicana ao centro das estruturas de poder.
Com uma carreira longa e multifacetada, José Pacheco ocupou diversos cargos no governo ao longo das últimas décadas. Foi Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Ministro do Interior, Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, além de Governador da Província de Cabo Delgado, Vice-Ministro da Agricultura e Pescas, Diretor Nacional de Desenvolvimento Rural e Diretor Provincial da Agricultura na Zambézia. Uma trajetória que o coloca entre os quadros mais experientes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
A cerimónia de posse está marcada para amanhã, na Presidência da República, pelas 13 horas.
A nomeação levanta questões pertinentes sobre o futuro da segurança nacional em Moçambique. O SISE, enquanto órgão central do sistema de inteligência do país, tem sido alvo de escrutínio público, especialmente em contextos de repressão política, combate ao terrorismo em Cabo Delgado e vigilância interna. A chegada de José Pacheco poderá representar uma tentativa de reorganização estratégica ou simplesmente uma reafirmação da continuidade do aparelho de Estado sob o mesmo modelo de governação.
Analistas políticos ouvidos por este canal indicam que a escolha de Pacheco pode estar ligada à necessidade de experiência e confiança num momento de transição na liderança do país, com Daniel Chapo a consolidar os seus primeiros passos como Chefe de Estado. Outros, porém, consideram que esta nomeação representa mais um ciclo de reciclagem de quadros históricos da FRELIMO, em detrimento de uma renovação efectiva das instituições.
O debate está lançado: será José Pacheco o homem certo para transformar o SISE num órgão mais eficaz e transparente, à altura dos desafios de segurança que Moçambique enfrenta? Ou esta decisão reforça um padrão de centralização do poder nas mãos de figuras já bem posicionadas na elite política nacional?
Para já, resta aguardar pela posse oficial e pelas primeiras decisões sob a sua liderança. O que é certo é que a segurança do Estado continua no centro das prioridades do governo – e agora sob o comando de um veterano com um passado carregado de responsabilidades.