Por Jornal Creator | Abrão Timóteo Venâncio Mondlane iniciou a sua intervenção relembrando o período imediatamente após a independência, quando Moçambique ainda possuía uma infraestrutura aeroportuária em expansão e algum dinamismo no setor aéreo. Contudo, segundo ele, ao longo de 50 anos, o país foi incapaz de definir e executar uma política estratégica sustentável para o setor da aviação civil. A falta de investimentos regulares na manutenção, modernização e expansão dos aeroportos acabou por comprometer a segurança, a competitividade e a viabilidade do transporte aéreo nacional.
Um dos pontos centrais da sua crítica recaiu sobre o recente episódio envolvendo o aluguer de um jato de luxo para transportar o Presidente da República numa viagem oficial ao Malawi. Venâncio considerou este episódio como um exemplo flagrante do desvirtuamento das prioridades nacionais e da má gestão de recursos públicos, num setor que deveria ser alicerçado em eficiência, austeridade e transparência.
O declínio da aviação civil tem, segundo Venâncio, repercussões profundas na vida econômica e social do país. A limitação das ligações aéreas entre as províncias isola as regiões, dificulta a mobilidade de pessoas e mercadorias e eleva substancialmente os custos logísticos. Isso, por sua vez, limita o crescimento do turismo, desincentiva o investimento estrangeiro e compromete o papel estratégico de Moçambique na integração econômica regional.
Na sua análise, Venâncio apresentou propostas concretas para reverter este cenário. Defendeu a criação de parcerias público-privadas que possam injetar capital e know-how na gestão aeroportuária, permitindo a modernização da infraestrutura existente. Reforçou a necessidade de formação técnica especializada para quadros nacionais, com o objetivo de reduzir a dependência de mão de obra estrangeira e qualificar profissionais locais nas áreas de pilotagem, manutenção e gestão aeronáutica. Além disso, apontou a revisão do quadro regulatório como elemento essencial para atrair investidores e assegurar a governança transparente de todo o setor.
Durante a transmissão, Venâncio interagiu diretamente com o público, respondendo perguntas e comentários em tempo real. Entre os temas levantados pelos espectadores destacou-se a discussão em torno de uma possível privatização parcial da companhia Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), bem como a criação de hubs regionais que possam fortalecer a conectividade doméstica e posicionar o país como plataforma de ligação aérea no continente.
Na sua conclusão, Venâncio Mondlane apelou a um compromisso sério, transversal e inclusivo para a recuperação do setor da aviação civil em Moçambique. Para ele, a aviação não pode continuar a ser um espaço de negócios obscuros e desperdício de recursos, mas deve ser transformada num verdadeiro pilar de desenvolvimento econômico, social e de integração nacional.
By: Abrão Timóteo