Na tarde desta segunda-feira, 14 de Julho de 2025, a Escola Secundária João XXIII, situada na cidade da Beira, decidiu suspender as aulas para os alunos do período da tarde, por ocasião da recepção ao Presidente da República, Daniel Chapo. A medida foi oficializada através de um comunicado assinado pelo director da instituição, Ir. Neosil Saganhane, e dirigida à comunidade escolar, incluindo alunos e encarregados de educação.
Segundo o comunicado, o motivo da interrupção prende-se com a realização de um comício popular que será presidido por Daniel Chapo no campo de Chingussura, agendado para as 14 horas. Para além da suspensão das aulas, a nota informativa especifica que a secretaria da escola também estará encerrada a partir das 13h00.
A decisão, apesar de administrativa e aparentemente rotineira, causou burburinho nas redes sociais e em grupos de professores e estudantes, alguns dos quais questionam a recorrente interferência da agenda política nas actividades pedagógicas. A medida, embora temporária, levanta discussões sobre os limites entre o funcionamento das instituições públicas e os actos de natureza político-partidária promovidos pelo Estado.
Não é a primeira vez que eventos desta magnitude afectam o normal funcionamento das aulas em Moçambique, principalmente em escolas públicas. Contudo, a expectativa dos organizadores é de que o comício mobilize grande adesão popular, considerando o simbolismo da visita presidencial numa província historicamente crítica em termos de infra-estruturas e serviços sociais.
Até ao fecho desta edição, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano não se havia pronunciado sobre o cancelamento das aulas ou sobre a possível reposição do tempo lectivo interrompido. Para muitos pais e encarregados de educação, o episódio constitui mais um reflexo da necessidade urgente de se estabelecerem regras claras que blindem o sector da educação da influência directa de agendas políticas.
Enquanto isso, no campo de Chingussura, já se montavam palanques e equipamentos de som para a intervenção presidencial, que deverá centrar-se em temas de governação local, desafios sociais e reforço de apoio às estruturas comunitárias.