A Organização Internacional para as Migrações (OIM) estima que pelo menos 11.597 famílias, correspondentes a cerca de 49 mil pessoas, buscaram refúgio na sede do distrito de Chiúre, província de Cabo Delgado, entre 24 e 30 de julho, devido ao agravamento dos ataques armados por grupos não estatais.
Segundo a OIM, 57% dos deslocados são crianças, e muitos encontram-se alojados em centros de trânsito como Miconi (6.220 famílias) e Namissir (5.374 famílias), além de um número menor no Bairro 30 de Junho. No entanto, a agência alerta que muitas famílias ainda dormem debaixo de árvores, aumentando os riscos de saúde e proteção, enquanto outras se abrigam em comunidades anfitriãs, sobrecarregando recursos locais.
As necessidades humanitárias identificadas incluem assistência alimentar, produtos de higiene, kits de dignidade, água potável e abrigo de emergência. A OIM, em coordenação com autoridades locais, realizou distribuições de ajuda humanitária entre os dias 25 e 27 de julho.
O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, reconheceu uma escalada dos ataques armados desde finais de junho, sobretudo no sul da província. Só entre os dias 20 e 25 de julho, as agências contabilizaram pelo menos 34 mil novos deslocados nos distritos de Chiúre, Ancuabe e Muidumbe.
Um ataque reivindicado por elementos ligados ao Estado Islâmico, ocorrido a 24 de julho, atingiu a aldeia e o posto policial de Chiúre Velho. Dados anteriores indicam que, em 2024, 349 pessoas morreram vítimas de ataques no norte do país — um aumento de 36% em relação ao ano anterior, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).
A situação humanitária continua crítica, exigindo atenção urgente das autoridades nacionais e internacionais.