O Presidente da República, Daniel Chapo, anunciou que o “diálogo nacional inclusivo” terá início no próximo dia 10 de setembro, em Maputo. O anúncio foi feito durante um comício no bairro de Katembe, onde o Chefe de Estado apelou à participação de todos os setores da sociedade.
No seu discurso, Chapo convidou partidos políticos, organizações da sociedade civil, académicos, trabalhadores, camponeses, jovens, mulheres e profissionais da comunicação social a contribuírem com ideias para a construção de um futuro eleitoral mais harmonioso.
“Quero que todos os moçambicanos participem, para que um dia, após as eleições em Moçambique, o perdedor possa felicitar o vencedor e aguardar pacientemente pela próxima eleição”, declarou.
O Presidente sublinhou que o diálogo é uma ferramenta essencial para evitar a violência pós-eleitoral, lembrando os distúrbios que marcaram a divulgação dos resultados das eleições gerais de outubro de 2024, amplamente contestados e acusados de fraude.
Chapo destacou ainda a necessidade de melhorias na legislação eleitoral, afirmando que quem deseja vencer deve preparar-se desde já: “A equipa que não treina, não ganha. Portanto, é essencial treinar”.
Segundo o Chefe de Estado, o diálogo nacional deve servir para identificar problemas sem receios e procurar consensos.
“Se for necessário alterar uma lei, assim faremos. Se for preciso emendar a Constituição, também o faremos, para podermos ter leis consensuais”, reforçou.
O “diálogo inclusivo” tem como base um documento assinado em março por Chapo e nove partidos políticos, reconhecido pela Assembleia da República. A maioria dos signatários são partidos de pouca expressão política, mas o presidente assegura abertura para incluir todas as forças nacionais.
Nesse contexto, ganha destaque o papel de Venâncio Mondlane, líder do recém-criado Anamola (Aliança Nacional por um Moçambique Livre e Autónomo), que reivindica ter sido o verdadeiro vencedor das eleições presidenciais de 2024. Apesar de não ter participado no acordo inicial, Mondlane já manifestou interesse em integrar o diálogo nacional.
A disputa eleitoral permanece sem esclarecimentos definitivos, já que nem o Governo nem a oposição apresentaram publicamente as atas das mesas de voto. O Conselho Constitucional, instância máxima em matéria eleitoral, recusou-se a ordenar uma recontagem, alimentando as suspeitas de fraude.
Resta saber se o diálogo que arranca em setembro conseguirá unir todas as forças políticas e sociais e abrir caminho para eleições mais transparentes e consensuais em Moçambique.