O partido Aliança para um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMOLA) anunciou a criação da Fundação Elvino Dias, em homenagem ao advogado assassinado em outubro de 2024, em Maputo, por indivíduos ainda não identificados. O anúncio foi feito pelo porta-voz do partido, Dinis Tivane, durante a I Sessão Extraordinária da Comissão Executiva, realizada na capital do país.
Além da fundação, o partido decidiu igualmente avançar com a criação da Associação ANAMOLA, estruturas que deverão ser formalizadas em setembro, no decurso do Conselho Nacional. Segundo Tivane, as iniciativas visam preservar a memória de Elvino Dias, que foi um dos rostos da resistência política e jurídica em Moçambique.
“Prestamos homenagem àquele que disse que vamos continuar a lutar até ao fim. Ele sacrificou a sua vida e a sua família por esta causa. Vamos honrar Elvino Dias em nome das mais de 500 pessoas que tombaram pelo movimento ANAMOLA”, declarou o porta-voz.
Elvino Dias, que atuou como mandatário de Venâncio Mondlane, foi morto a 18 de outubro de 2024, junto do também mandatário do PODEMOS, Paulo Guambe, numa altura em que preparava provas de alegada fraude eleitoral que conduziu Daniel Chapo e a Frelimo ao poder.
Apesar da forte condenação internacional e dos pedidos de esclarecimento sobre o crime, dez meses depois as autoridades moçambicanas ainda não apresentaram os resultados das investigações, repetindo o padrão de impunidade que marcou outros assassinatos políticos, como o do constitucionalista Gilles Cistac.
A figura de Elvino Dias continua, no entanto, a ser reconhecida fora do país. Em maio de 2025, recebeu postumamente o Prémio Nelson Mandela, atribuído pela associação portuguesa ProPública – Direito e Cidadania, no valor de 10 mil euros. Já em julho, foi distinguido com o Guardian of Justice Award, promovido pelo Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD).