População denuncia abandono após promessas eleitorais não cumpridas por figura de destaque da Assembleia da República
Memba, Nampula — Cinco anos após as eleições gerais de 2019, a população do distrito de Memba, no norte de Moçambique, continua à espera das promessas feitas durante a campanha pela actual Presidente da Assembleia da República, Margarida Talapa. Em declarações à nossa reportagem, diversos munícipes manifestaram frustração e desilusão, acusando a líder de os ter iludido com promessas que nunca saíram do papel.
Segundo os residentes, Talapa deslocou-se a Memba como representante da Frelimo para mobilizar votos, num momento em que o descontentamento com o governo de Filipe Nyusi crescia. Durante a sua passagem, apelou ao voto com discursos emotivos e, segundo moradores locais, chegou a chorar em público — um gesto que agora é visto por muitos como uma encenação calculada.
“Ela chorou aqui, e nós acreditámos que estava comovida com o nosso sofrimento. Mas depois das eleições nunca mais voltou, e nada do que prometeu foi realizado”, lamenta Rosa M., residente de Memba. “Hoje ainda vivemos sem água potável, sem estradas transitáveis e sem os hospitais melhorados que ela garantiu que teríamos.”
Promessas não cumpridas e realidade dura
Entre as principais queixas da população estão a falta de oportunidades de emprego, o colapso nas infraestruturas locais e a ausência de investimento público. Muitos relatam que, desde o fim da campanha, Memba tem sido sistematicamente ignorada pelas autoridades.
“Ela disse que lutaria por nós no Parlamento, mas estamos abandonados”, afirma Joaquim L., um jovem desempregado. “Até para sair de Memba é um sacrifício, por causa das estradas. E os nossos hospitais continuam precários.”
A indignação é tamanha que parte da população afirma que Margarida Talapa “não será mais bem-vinda” se regressar ao distrito sem cumprir o que prometeu.
Uma questão recorrente na política moçambicana
Apesar de estar no centro das críticas, Talapa não é caso único. O fenómeno das promessas eleitorais não concretizadas tem sido recorrente na política moçambicana, gerando desconfiança generalizada entre os eleitores.
“Estamos cansados de políticos que só aparecem quando precisam de votos. Depois, desaparecem como se nunca tivessem estado aqui”, desabafa um líder comunitário que pediu anonimato.
Contactada para reagir às acusações, Margarida Talapa ainda não se pronunciou até ao fecho desta edição.
Conclusão
O caso de Memba evidencia a crescente impaciência da população face ao incumprimento de promessas políticas. A comunidade exige respostas concretas, não apenas de Talapa, mas de todas as figuras públicas que usam as campanhas eleitorais como palco de discursos que não se traduzem em acções.
Enquanto isso, Memba continua à espera — de água, de estradas, de hospitais, e de um gesto de retorno por parte de quem um dia disse falar em seu nome.