Por Jornal Creator
Enquanto o exército nigeriano celebra um avanço estratégico com a eliminação de mais de 60 jihadistas em ofensivas coordenadas no estado de Borno, Moçambique assiste a um discurso de resignação por parte do seu Ministro do Interior, Paulo Chachine, que afirmou recentemente ser “impossível declarar o fim do terrorismo”.
As palavras de Chachine, proferidas durante a cerimónia de passagem à reserva de mais de mil agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), refletem um tom preocupantemente conformista num momento em que o país carece de liderança firme e soluções concretas para a crise de segurança em Cabo Delgado e, mais recentemente, em Niassa
- “O terrorismo não se combate num só dia. É um processo longo e complexo... nunca se declara o fim do terrorismo”, disse o ministro.
Essa declaração, ainda que reconheça uma verdade estratégica global, cai mal quando confrontada com a postura operacional da Nigéria, que enfrentando problemas semelhantes, respondeu com firmeza e resultados visíveis. Lá, as forças armadas não apenas localizaram, como neutralizaram células inteiras de jihadistas — incluindo líderes do Boko Haram e ISWAP — em ataques terrestres e aéreos coordenados, com zero baixas entre os militares.
A diferença é gritante. Enquanto a Nigéria ataca com precisão e estratégia, Moçambique apela à paciência, investindo em discursos e cerimónias simbólicas. O gesto de reconhecer os agentes em reserva é importante, mas revela pouco sobre o plano de ação diante de um inimigo que continua a matar, deslocar populações e desestabilizar distritos inteiros.
Paulo Chachine também mencionou reformas na PRM, destacando a necessidade de formação técnica e incorporação de tecnologia. Mas até quando se adiará a reforma real, que enfrente o problema da corrupção interna, a má coordenação entre órgãos de defesa e a dependência excessiva de apoios estrangeiros, como o do Ruanda?
Enquanto isso, o Presidente Daniel Chapo, embora mais enfático no discurso, prometendo “usar todos os meios disponíveis” para combater o terrorismo, ainda não apresentou uma estratégia clara nos seus primeiros 100 dias de governação. Sem um plano coeso entre os órgãos do Estado, resta à população esperar — e rezar — por estabilidade.
A Nigéria mostrou que é possível agir. Moçambique, por ora, apenas admite a dificuldade. E nisso, o tempo corre a favor do terror.
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