Na manhã desta sexta-feira (27), a Polícia da República de Moçambique (PRM) lançou gás lacrimogéneo para dispersar dezenas de apoiantes de Venâncio Mondlane que se concentravam junto à Procuradoria-Geral da República, em Maputo. O político foi ouvido no âmbito de um processo relacionado com as manifestações pós-eleitorais de 9 de Outubro de 2023.
O ambiente, que inicialmente era de vigília pacífica, com palavras de ordem e cartazes de apoio ao ex-candidato presidencial, rapidamente transformou-se em cenário de pânico. Várias pessoas fugiram em desordem após o lançamento do gás, e há registo de feridos ligeiros, entre eles idosos e jovens.
Testemunhas relatam que os manifestantes mantinham-se ordeiros, apenas expressando solidariedade ao líder da oposição. Ainda assim, a intervenção policial foi dura e repentina. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram cidadãos em fuga, tossindo e limpando os olhos devido aos efeitos do gás.
Venâncio Mondlane, conhecido por sua postura crítica em relação ao governo e pelas denúncias de fraude eleitoral, já havia alertado publicamente sobre a possibilidade de perseguição política. “Não tenho medo. Se quiserem me prender, estou pronto”, declarou recentemente.
A situação reacende o debate sobre a liberdade de expressão e de manifestação em Moçambique, num contexto de tensão política crescente. Organizações da sociedade civil já começaram a condenar o uso da força contra manifestantes desarmados.
Até ao momento, a PRM ainda não emitiu um comunicado oficial sobre os motivos que levaram à dispersão forçada dos apoiantes. A Procuradoria também não se pronunciou sobre o teor do interrogatório a Mondlane.