A Igreja Católica manifestou profundo desagrado diante das declarações polémicas proferidas por Henriques Naweka, secretário provincial da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLIN), que afirmou recentemente que o partido FRELIMO “só sairá do poder na segunda vinda de Jesus Cristo”.
A declaração, amplamente divulgada, causou indignação no seio da comunidade cristã, levando o arcebispo de Nampula, Dom Inácio Saure, a reagir com veemência. Em entrevista à emissora católica Rádio Encontro, Dom Saure classificou as palavras de Naweka como um “autêntico insulto a Jesus Cristo”, considerando que representam um desrespeito à fé cristã.
“Cristo sempre foi e continuará a ser insultado. Esta afirmação não é apenas uma ridicularização da pessoa de Jesus Cristo, mas também revela a ausência de consciência do próprio autor”, afirmou o arcebispo durante a conversa com a emissora da Arquidiocese de Nampula.
Assista o vídeo das declarações do Henriques Naweka secretário provincial da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLLIN):
Para Dom Inácio Saure, a utilização do nome de Cristo para justificar ou perpetuar poder político é uma afronta à espiritualidade cristã e uma tentativa de manipulação religiosa. O líder católico alertou para os perigos da instrumentalização da fé em contextos partidários, sublinhando que a religião deve unir e inspirar esperança, e não servir de escudo político.
A declaração do dirigente da ACLLIN surge num momento de crescente tensão política no país, e a reacção da Igreja Católica reforça o apelo por respeito mútuo entre os actores políticos e os valores religiosos, sobretudo num país onde a fé cristã tem forte presença na vida social e cultural.
A intervenção de Dom Inácio Saure é vista por muitos como um chamado à reflexão ética por parte dos líderes políticos, e um apelo para que separem claramente a fé das disputas pelo poder.