Estudantes moçambicanos na Argélia enfrentam crise de bolsas e pedem solução ao PR


 O processo de pagamento de bolsas a estudantes moçambicanos na Argélia continua a gerar polémica e incertezas. Na sexta-feira, 5 de setembro de 2025, o tema voltou a dominar o encontro entre o Presidente da República e a comunidade moçambicana residente naquele país, maioritariamente constituída por bolseiros.

Os estudantes denunciaram atrasos prolongados e cortes injustificados no pagamento dos subsídios, o que tem dificultado a sua sobrevivência. Segundo Valdemiro Jorge, presidente da Comunidade de Estudantes Moçambicanos na Argélia, muitos colegas vivem um “pesadelo” sem recursos para alimentação e material escolar, uma vez que é quase impossível encontrar trabalho no território argelino.

Outros estudantes relataram experiências semelhantes. Naira Boa contou que, apesar de ter terminado a licenciatura em tempo recorde, a sua bolsa foi cortada no último ano sem explicação. Alfredo Macuácua recordou que, em 2023, vários colegas com aproveitamento académico exemplar também foram excluídos do pagamento. Já Jéssica Viegas, formada em Medicina, disse ter enfrentado depressão após dois anos sem subsídios.

Em resposta, o Presidente da República prometeu investigar as denúncias e repor as injustiças. “Se há alguém que esteve na mesma situação e recebeu, enquanto outros não receberam, alguma coisa não está bem”, afirmou, garantindo que os casos serão analisados individualmente.

Os estudantes levantaram ainda outras preocupações, como dificuldades no repatriamento de bens acumulados durante a estadia, mudanças unilaterais nos cursos atribuídos pelo Instituto de Bolsas de Estudo (IBE) e falta de oportunidades de inserção no mercado de trabalho em Moçambique.

Atualmente, pouco mais de 100 bolseiros moçambicanos residem na Argélia, um número muito inferior aos cerca de 600 registados em 2012, quando também houve protestos pela regularização e aumento das bolsas.

O Chefe de Estado prometeu dialogar com as autoridades argelinas e com o IBE para resolver as irregularidades, assegurar o transporte de bens dos estudantes e rever os cursos atribuídos sem consentimento.

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