O gás do Rovuma, tido como uma das maiores promessas para o futuro económico de Moçambique, já começa a gerar lucros – e, aparentemente, também esquemas. Segundo o Tribunal, os valores arrecadados pela exploração deveriam ser canalizados para uma Conta Transitória, onde posteriormente seriam distribuídos entre o Orçamento do Estado (60%) e o ainda não operacional Fundo Soberano (40%).
Contudo, os números não batem certo. O Governo declarou receitas de 94,2 milhões de dólares até março de 2024, mas a Conta Transitória apenas registava 60,59 milhões. Isso significa que quase 34 milhões de dólares não foram depositados onde deviam – um desvio que o Tribunal classifica como uma infração financeira grave, à luz da Lei do SISTAFE e da Lei n.º 8/2015.
O relatório indica que:
- Em 2022, 800 mil dólares arrecadados não foram depositados.
- Em 2023, dos 73,36 milhões declarados, apenas 47,58 milhões chegaram à conta.
- Já no primeiro trimestre de 2024, apenas 13,01 dos 20,08 milhões declarados foram efetivamente depositados.
“O desvio sistemático destas receitas ainda antes da criação do Fundo Soberano é um mau presságio para a gestão futura do gás”, advertiu um economista ouvido pela reportagem.
A sociedade civil exige explicações claras e medidas urgentes. Enquanto isso, o povo moçambicano continua a esperar que os lucros do gás tragam desenvolvimento – e não mais escândalos.
Fontes: Canal de Moçambique, Jornal Notícias, Adriano Novunga, CDD Moçambique
COMPARTILHA