Venâncio Mondlane exige reforma eleitoral urgente e investigações à má gestão de fundos públicos


 “Anamalala!” – Foi com este grito de ruptura que Venâncio Mondlane, figura proeminente da oposição moçambicana, defendeu mudanças estruturais no sistema político nacional, durante um simpósio organizado pelo Centro de Integridade Pública (CIP).

Mondlane lançou duras críticas ao modelo atual de eleição parlamentar, baseado em listas partidárias fechadas, acusando-o de criar um Parlamento distante do povo e submisso aos interesses dos diretórios partidários.

 “O povo não elege deputados. Elege siglas, e essas siglas colocam nos assentos quem querem, não quem o povo conhece ou confia”, afirmou Mondlane, exigindo um modelo misto com círculos uninominais.


Fundo de Desenvolvimento Sustentável debaixo de fogo

Num discurso carregado de críticas à governação, Mondlane voltou a apontar o dedo ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável, gerido pelo Ministério da Agricultura, que, segundo ele, nunca apresentou relatórios claros sobre a aplicação dos recursos públicos.

Ele defendeu a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o destino dos fundos, sublinhando a ausência de prestação de contas como sintoma de uma cultura de impunidade institucionalizada.

 “Programas aprovados pela Assembleia da República desaparecem nas gavetas dos ministérios, sem resultados visíveis, sem relatórios, sem vergonha”, denunciou.


“Quadrilhas que controlam quadrilhas”

O opositor foi mais longe ao descrever o Estado como capturado por redes organizadas de corrupção, com instituições de fiscalização enfraquecidas, sem meios nem autonomia para agir.

“Um dirigente deve ser íntegro e corajoso. Mas integridade não é luxo — é um imperativo nacional que este governo se recusa a pagar”, afirmou, acrescentando que “existem quadrilhas que controlam quadrilhas em todos os sectores do aparelho do Estado”.

Chamado à cidadania activa

Para Mondlane, a mudança real só será possível com uma cidadania informada e participativa, apoiada por educação cívica e tecnologias de fiscalização, que empoderem os moçambicanos a vigiar o uso dos recursos públicos.

 “Moçambique precisa abrir espaço para vozes livres, fora das lógicas partidárias. O Parlamento não pode continuar a ser um clube fechado de interesses partidários.”



 

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